ATIVIDADE
DE BIOLOGIA 3º C
PROF.: VALÉRIA ARAÚJO DATA: 28/03/2014
Assunto:
DNA
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Belezinhas em cascata
Nunca se viram tantos gêmeos e trigêmeos. As estatísticas confirmam
a multiplicação dos bebês, que resulta da corrida das mamães
às clínicas de reprodução
Carolina Romanini e Carolina Melo
Fotos de Lailson Santos; Pedro Accioly; Ernani D'Almeida; Claudio Gatti e Leo Drumond/Nitro
Quem tem a impressão de que nunca viu tantos gêmeos como agora é um bom observador. Os nascimentos múltiplos, antes raros a ponto de chamar atenção, agora são corriqueiros nas maternidades e encarados com naturalidade pelos pais. Os gêmeos (e também os trigêmeos, os quadrigêmeos...) são fruto de uma das mais espetaculares mudanças demográficas e sociais dos tempos modernos, que começou quando suas avós, e depois suas mães, ingressaram no mercado de trabalho. Para subirem na carreira, as mulheres frequentemente se veem obrigadas a tomar uma decisão difícil: adiar a maternidade. Quando, finalmente, chega a hora de ter filhos, elas contam com a ajuda valiosa das técnicas de reprodução assistida. Hoje, mulheres de 40 e até de 50 anos podem ser mãe tardiamente. O recurso também é usado por casais com dificuldades para gerar filhos de forma convencional. Ocorre que a reprodução assistida aumenta em 40% as chances de que a gravidez resulte em gêmeos, trigêmeos ou quadrigêmeos. Com a popularização crescente dos métodos de fertilização artificial na última década, as estatísticas relativas a partos múltiplos dispararam em muitos países. Nos Estados Unidos, o nascimento de gêmeos quase dobrou nas últimas décadas e o de trigêmeos quase quadruplicou. No Brasil, o nascimento de trigêmeos pulou de 669 casos em 1984 para 1 577 em 2009
veja o quadro abaixo. Essas cifras superam com folga aquelas apontadas pela lei de Hellin, uma tabela estatística criada em 1895 pelo médico polonês Dionys Hellin (1867-1935). Ela estipula que um par de gêmeos nasce a cada 89 partos, trigêmeos a cada 7 921 partos e quadrigêmeos a cada 704 969 partos. A era da reprodução assistida acessível anulou esse modelo demográfico vigente há mais de um século.
O número de mulheres brasileiras que lançam mão do tratamento contra a infertilidade cresceu 300% desde o fim dos anos 80. Estima-se que, neste ano, 25 000 recorrerão ao método, pagando de 10 000 a 15 000 reais pelo tratamento. Apenas as sortudas conseguem engravidar na primeira tentativa. Na maioria das vezes, são necessárias duas ou três inseminações para alcançar o objetivo. O motivo pelo qual a reprodução assistida favorece a gestação de mais de uma criança é a própria natureza do processo. Primeiro, a mulher toma medicamentos que aumentam a fertilidade e, em consequência, ela libera diversos óvulos em vez de apenas um. Os óvulos são fertilizados em laboratório e introduzidos no útero. Hoje, no Brasil, permite-se que apenas quatro embriões sejam implantados — justamente para diminuir os índices de gravidez múltipla. Nos Estados Unidos, a lei muda de acordo com o estado, mas é possível que até dez embriões sejam transferidos. Na Europa, a média entre os países é de quatro embriões. As restrições decorrem de considerações médicas. A gestação de duas ou mais crianças oferece maiores riscos à mãe e às crianças, que podem nascer prematuras ou muito abaixo do peso saudável. “Muitas vezes o profissional passa mais tempo orientando os pais com relação aos cuidados de uma gestação de filhos múltiplos do que falando do tratamento em si”, diz o médico Edson Borges, especialista em reprodução assistida da clínica Fertility, de São Paulo.
O nascimento de gêmeos suscita uma série de dúvidas nos pais. Naturalmente é preciso precaução para dar a ambas as crianças o mesmo amor e a mesma atenção. Tanto os psicólogos quanto os pais experientes no assunto dizem que o segredo está em sempre tratar os filhos como indivíduos únicos. Nada de vesti-los com roupas iguais ou dar a eles presentes idênticos, como era comum no tempo de nossos avós. O fato de serem parecidos fisicamente não significa que devem ter o mesmo comportamento e gostar das mesmas coisas. Muitos pais adotam em casa “o dia do filho único”, em que saem para passear com apenas uma das crianças. “Esse dia, em que cada filho é tratado de forma especial, tem como finalidade dar à criança e aos pais a oportunidade de aprofundar a relação única e necessária entre pai e filho”, aconselha o livroFilhos Gêmeos, escrito por um grupo de médicos do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. Muita gente acredita que, entre gêmeos, é comum um deles ter sensações físicas ou emocionais simultaneamente ao outro. Não existe nenhuma evidência científica disso. E telepatia, evidentemente, não passa de crendice. Ocorre que, em geral, os gêmeos e os trigêmeos convivem muito na infância e na adolescência, o que cria um vínculo e um companheirismo extraordinários entre eles. Diz a mineira Bruna Nogueira Gontijo, 27 anos, gêmea de Sara Nogueira Gontijo: “Sempre tivemos uma afinidade, confiança e companheirismo incríveis, que não se comparam ao que temos com nossos irmãos caçulas. Mas nunca tivemos sensações iguais nos mesmos momentos”.
Os pais de gêmeos e trigêmeos concordam que, quando se trata de aconselhamento prático sobre como proceder com as crianças, nada substitui a troca de experiências com outros pais. Quando engravidou de trigêmeos, em 2002, fruto da inseminação artificial de três embriões, a paulista Majoy Antabi, hoje com 38 anos, se voltou aos livros e à internet para se familiarizar com a tripla gravidez. Espantou-se com a falta de informações sobre o assunto, tanto de ordem prática quanto especializada. “A maioria dos livros ou era muito técnica ou não condizia com a minha realidade”, ela diz. Já nascidos Maia, Laila e Henri, hoje com 8 anos, Majoy pediu de presente de aniversário ao marido um site em que pudesse retratar o seu dia a dia como mãe de trigêmeos e compartilhar suas experiências com outras mulheres na mesma situação. Fundou o Portal Múltiplos, que já tem mais de 3 500 mães cadastradas. Com o portal, Majoy, que vive na Colômbia, ganhou o respeito e o carinho de mães de gêmeos no mundo todo. Ela também é mãe de Raica, de 3 anos, concebida por método natural.
A ciência tem um olhar atento para os gêmeos, principalmente para os univitelinos, provenientes de um único óvulo, que possuem a mesma combinação genética. O sequenciamento completo do genoma humano, feito há oito anos, abriu uma frente de pesquisa extraordinária com os univitelinos. Antes, acreditava-se que a herança genética influía mais do que os hábitos e o modo de vida no conjunto de características de uma pessoa. Ao acompanhar o desenvolvimento de gêmeos ao longo do tempo, descobriu-se que o ambiente influi de modo decisivo no código genético, provocando alterações no funcionamento dos genes. Um estudo célebre feito pelo Centro Nacional de Investigações Oncológicas da Espanha avaliou quarenta pares de gêmeos univitelinos com idade entre 3 e 74 anos. Os gêmeos mais jovens e também aqueles que mantinham um estilo de vida semelhante apresentavam genomas parecidos. Os gêmeos mais velhos, principalmente aqueles com estilos de vida diversos, tinham diferenças significativas nos padrões genéticos. Estudos como esses são decisivos para uma grande revolução que se anuncia no futuro da medicina: o desenvolvimento de remédios personalizados, capazes de fazer interferências pontuais no genoma de cada paciente.
A corrida das futuras mamães às clínicas de reprodução assistida em todo o mundo vai continuar a inflar as estatísticas de nascimento de gêmeos e trigêmeos, mas não por muito tempo. Com o avanço das técnicas de fertilização, será possível transferir cada vez menos embriões em um único tratamento, o que reduzirá as ocorrências de gestações múltiplas. “Já se consegue selecionar o embrião mais saudável e com mais chances de sucesso e fazer uma única transferência”, diz o médico Edson Borges. Num futuro próximo, essa técnica chegará às clínicas brasileiras. O principal objetivo dos médicos é reduzir as gestações de alto risco. Quando a paraibana Josinalva de Lima Nóbrega engravidou de quíntuplos, teve de ficar em repouso a partir do segundo mês de gestação para garantir que todos os filhos viessem bem ao mundo. “Todo dia tinha medo de perder um deles”, ela diz. A história de Josinalva teve final feliz. Hoje, Rafael, Gabriel, Lucas, Pedro e Mariana têm 7 anos e são crianças lindas e saudáveis. Para os pais, a felicidade de ver os cinco fazendo aulas de natação juntos supera qualquer trauma da gravidez.
Amizade de berço
As gêmeas mineiras Bruna e Sara Nogueira Gontijo, de 27 anos, foram criadas de acordo com as recomendações atuais dos educadores — recebiam estímulos para desenvolver a própria personalidade. Ainda assim, acabaram tendo os mesmos gostos e estilos de vestir. Ambas se tornaram psicólogas. "A explicação está na amizade e na cumplicidade que existem entre nós", elas dizem
Ernani d'Almeida
Duas vezes gêmeos
A engenheira Andrea Becker Gutierrez, chilena radicada em São Paulo, diz que não foi fácil ter os gêmeos João e Amanda, hoje com 5 anos. Depois de um parto complicado, ela precisou se acostumar com noites sem dormir cuidando de dois bebês. De tão cansada, chegou a se confundir e dar banho na mesma criança duas vezes. Em 2008, decidiu engravidar novamente, e ela e o marido, Estácio Alves Moraes, levaram outro susto: nasceram Ana e Paula. Desta vez, ela fez umatabela com os horários de amamentação, banho e remédios. O carro da família foi substituído por um modelo com sete lugares. “Já não é fácil ser mãe de gêmeos, imagine de dois pares deles”, diz Andrea
Lailson Santos
Mil fraldas por mês
A professora Áurea Cardoso, casada com o engenheiro José Trevisan, tentou engravidar naturalmente a partir dos 25 anos, sem sucesso. Recorreu a uma clínica de reprodução assistida e fez duas inseminações, com três embriões transferidos de cada vez. Aos 31 anos, deu à luz os trigêmeos Joaquim, Leonardo e Maria Lúcia, hoje com 6 anos. Mais tarde, sem a ajuda da reprodução assistida, teve Antonio, de 4 anos. "Usávamos 1 000 fraldas por mês", conta Áurea. "Não tenho vergonha em dizer que compramos roupas para as crianças no atacado, já que preferimos usar o dinheiro para investir na educação delas", ela completa
Lailson Santos
Começar de novo
A produtora cinematográfica Carla Salatini, de São Paulo, tem uma filha
de 21 anos, Rafaela, do primeiro casamento. Quando se casou novamente, o marido lhe pediu que tivessem um filho juntos. A surpresa veio quando descobriram que eram três meninas. Carla teve de viver outra vez todo o processo de criar um recém-nascido — multiplicado por três. "A médica me disse que eu estava 'bem grávida' e quase não acreditei", lembra. Na primeira vez em que o marido de Carla, Beto Salatini, foi comprar fraldas para Júlia, Laura e Sofia, de 6 anos, encheu um carrinho de supermercado com elas. Em uma semana já não havia mais nenhuma
Lailson Santos
Surpresa de novo
Aos 35 anos, quando fazia um curso de música na Alemanha, a baiana Ana Paula Sena engravidou do namorado. Ela voltou a Salvador para ter Nathalia e Sophia, hoje com 3 anos. No nascimento, o inesperado. Sophia é portadora de síndrome de Down, que não foi diagnosticada no pré-natal. "Sempre quis incentivar a individualidade das minhas filhas e acho que isso foi fundamental na compreensão da condição de Sophia. Nunca esperei nem quis que elas fossem iguais", diz Ana. Sua grande preocupação é com Nathalia, que, na sua ingenuidade de criança, cobra da mãe a mesma atenção que a irmã recebe. "Ela quer ir à fonoaudióloga, sem necessidade, é claro. Não entende por que Sophia precisa e ela não"
Lailson Santos
Lan house para cinco
Após um tratamento para estimular a ovulação, a paraibana Josinalva de Lima Nóbrega descobriu estar esperando cinco filhos. Vários médicos se negaram a acompanhar a gravidez por ser de alto risco e pela falta de experiência com o pré-natal de quíntuplos. Josinalva passou cinco meses na cama. Para fazer exames, ia de ambulância ao hospital ou a médica levava equipamento hospitalar para atendê-la em casa. As crianças estão agora com 7 anos, e a locomoção da turma é complicada. Por isso, Josinalva contratou um professor para dar aula de natação aos filhos na piscina do prédio onde mora. “É mais fácil montar uma turma de natação do que levar todos ao clube”, conta. Dentro de casa, ela diz que praticamente montou uma lan house para comportar os computadores, televisores e videogames
Lailson Santos
A loira e a morena
A dona de casa mineira Danielle do Nascimento Araujo Souza sempre quis ter filhos gêmeos e, sem tratamento algum, realizou seu desejo. Larissa e Letícia, de 4 anos, nasceram depois de uma gestação tranquila. As gêmeas gostam de se vestir com as mesmas roupas, de cores diferentes, e põem o mesmo nome nas bonecas que têm. Quando uma está doente e precisa ir ao médico, a outra quer ir também. A diferença entre as meninas que mais chama atenção é a cor do cabelo e dos olhos. Uma é loira de olhos claros e a outra, morena com olhos escuros. Mesmo com o trabalho em dobro, Danielle não se queixa. "Foi a melhor experiência do mundo ter dois filhos de uma vez", ela diz. "Se eu tivesse só uma menina, com certeza ela seria muito mimada"
Leo Drumond/ Nitro
Estrelas de cinema
A paulista Majoy Antabi, de 38 anos, engravidou de trigêmeos quando morava em Londres com seu marido, o economista Marcelo Barbosa. Ansiosa com a gravidez, desde o começo pesquisou sobre o universo dos filhos múltiplos. Quando voltou ao Brasil para dar à luz as crianças — hoje com 8 anos — e criá-las próximo da família, Majoy montou o site múltiplos.com.br, para trocar informações com outras mães. O site é um sucesso, com mais de 3 500 mães cadastradas, e, segundo Majoy, uma produtora pretende usá-lo como tema de filme. Majoy se encontrou mesmo no papel de mãe e educadora. "Fiz o caminho inverso da maioria das mulheres que buscam o sucesso na carreira antes dos filhos", ela diz. Há três anos, ela teve outra filha, Raica
Lailson Santos
